domingo, 3 de abril de 2011

Rodovias Imigrantes e Anchieta estão saturadas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC

















As obras para recuperação do pavimento da Via Anchieta, que começam segunda-feira, irão atrapalhar ainda mais o tráfego de veículos entre o Planalto e a Baixada Santista. A pista Norte (subida) ficará fechada até o dia 3 de junho, enquanto a Sul (descida) será interditada entre os dias 4 e 17 de junho. Em ambas, as obras serão executadas entre o Km 55 e o Km 40. Durante o período de obras, as pistas serão liberadas nos fins de semana e feriados.
Para o coordenador do curso de Logística Nacional e Internacional da Fundação Santo André, José Robison Paiuca, o Sistema Anchieta-Imigrantes já está saturado e não tem condições de absorver toda a demanda de veículos, em especial os de carga. "As dez pistas do sistema não são suficientes. O ideal seria um investimento no transporte ferroviário entre o Interior e o porto, o que agilizaria o transporte e reduziria custos", explicou o professor. Segundo a Ecovias, cerca de 15 mil caminhões trafegam diariamente pela Anchieta.
A equipe do Diário percorreu ontem toda a extensão da Via Anchieta, de São Paulo a Santos. O principal problema constatado na via são os caminhões que desrespeitam a legislação e trafegam pela faixa da esquerda.
No trecho de serra, as blitze da Polícia Militar Rodoviária são intensificadas, o que obriga os veículos pesados a seguirem pela direita. Nos metros que antecedem os postos policiais são formados gargalos de motoristas que não querem ser flagrados trafegando de forma irregular.
DESLIZAMENTOS
Ao longo do traçado, são vistos pontos onde a terra deslizou e ameaça invadir a pista. A concessionária diz ter conhecimento do problema. "A Ecovias realizada sistematicamente inspeções, manutenções e correções nas encostas. Esse trabalho envolve mais de 120 profissionais da área de engenharia da empresa." A Ecovias afirmou também ter equipe especializada para fazer os reparos necessários.

Telefones para emergência apresentam problemas

Os motoristas que utilizam a Via Anchieta precisam recorrer ao celular para se comunicar em caso de emergência. Isso porque telefones de SOS, espalhados ao longo do traçado da rodovia, apresentam defeitos e impedem a comunicação com a concessionária.
A equipe do Diário testou dez equipamentos, escolhidos aleatoriamente em diversos pontos da estrada. Destes, apenas dois funcionavam. Alguns telefones apresentam sinais de deterioração, como ferrugem e partes destruídas por vândalos.
Outro problema é que o aparelho só pode ser utilizado para comunicação com a Ecovias. Ou seja, se o usuário precisar pedir auxílio à Polícia Militar, o aparelho não permite.
Em nota, a concessionária informou que "realiza manutenção preventiva diária em todos os telefones de emergência do sistema e passa por auditorias quinzenais pela Artesp (Agência Reguladora de Transportes de São Paulo)". A empresa diz que um dos equipamentos, no Km 33, foi vistoriado ontem, apresentou problemas na fibra ótica e será consertado em breve.

Pedestres se arriscam para atravessar rodovia em Cubatão 

Moradores de favelas próximas à Via Anchieta se arriscam para atravessar a rodovia sem utilizar a passarela. A equipe do Diário permaneceu por cerca de dez minutos na favela Cota 200, localizada na altura do Km 50.
Um dos moradores que decidiram fazer a travessia pelo chão é o vendedor Antônio Celestino da Silva, 33 anos. Embaixo da passarela, Silva diz ter "preguiça" de subir ao elevado. "É perigoso atravessar aqui. Eu mesmo já vi vários acidentes. Mas demora muito subir a passarela. Então, resolvo me arriscar por aqui mesmo", afirmou.
A travessia irregular é feita por ciclistas, mulheres, idosos e crianças.
Na favela Cota 95, na altura do Km 53, a implantação de uma grade no guard-rail central impede a travessia. O alambrado chega a quase dois metros de altura.
"Depois que colocaram a grade não teve mais atropelamentos aqui. Mas antes, era direto. Principalmente nos feriados, quando o povo está todo na rua e a rodovia é mais movimentada", disse o técnico de manutenção Willian Costa, 33.
Para ele, o principal problema do bairro é quando a pista de subida é invertida. "Temos de pegar um ônibus em Cubatão e descer na Imigrantes para chegar aqui", lamentou.

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