sábado, 22 de janeiro de 2011

Adolescente que faz malabarismos na rua é agredido por motorista em SP

Jovem de 14 anos levou 6 pontos no pescoço ao ser alvo de uma garrafada.
Agressão ocorreu na esquina da Rua Atílio Innocenti com Juscelino Kubitschek.

Marcelo Mora Do G1 SP
Wesley Cardoso, de 14 anos, levou seis pontos no pescoço depois de ser atingido por uma garrafada 
Wesley Cardoso, de 14 anos, levou seis pontos no pescoço depois de ser atingido por uma garrafada (Foto: Marcelo Mora/G1)
Um adolescente que faz malabarismos em esquinas de avenidas movimentadas de São Paulo, como a Faria Lima e a Juscelino Kubitschek, levou seis pontos no pescoço ao levar uma garrafada de um motorista. A agressão ocorreu na esquina da Avenida Juscelino Kubitschek com Rua Professor Atílio Innocenti, na Vila Olímpia, região conhecida pelos bares e choperias, por volta das 19h desta sexta-feira (21).
De acordo com Wesley Roberto da Silva Cardoso, de 14 anos, a série de agressões teve início após passar por cima de uma carretilha utilizada para transportar motocicletas quando esta era puxada pelo veículo, um Jetta, do agressor, para poder atravessar a rua, depois de executar uma sessão de malabarismo com bolinhas de tênis. Morador do Capão Redondo, na Zona Sul da capital, ele aproveita o período de férias escolares para tentar ganhar algum dinheiro nas ruas e, assim, ajudar a família.
A versão do adolescente foi confirmada por ao menos duas testemunhas que o acompanharam até o 15º DP, no Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo, onde ele iria prestar queixa na noite desta sexta-feira, depois de ter sido socorrido por uma equipe do Samu e atendido no Hospital das Clínicas, na região da Paulista.
O motorista, que pediu ao G1 para não ser identificado, relatou que Wesley subiu na carreta e que ficou pulando. Em seguida, ele disse que desceu do carro para tirar satisfações e acabou admitindo que foi mesmo para “as vias de fato”. Segundo o agressor, o adolescente não estava fazendo malabarismos na rua, mas, sim, arruaça. O advogado do motorista, por sua vez, disse que só se pronunciaria após o registro da ocorrência.
Segundo Wesley, depois que o semáforo abriu ele teve de subir na carreta para poder chegar até a calçada. “Ele desceu do carro e me chutou três vezes. Daí eu joguei uma bolinha (de tênis) nele”, contou o adolescente, que, em seguida, foi perseguido pelo agressor.
O líder de projetos Thiago Cutrim, de 25 anos, que se encontrava na calçada próximo ao local, testemunhou as primeiras agressões. “Ele passou na carretilha e parou na minha frente. Então, o motorista desceu e falou ‘Você é folgado!’. E foi para cima dele (Wesley) e acertou as bicudas”, disse.
Wesley tentou escapar, mas foi perseguido e acabou recebendo ao menos uma garrafada. “Ele atirou duas garrafas. A primeira ele errou. E a segunda acertou no meu pescoço. Mesmo assim, ele continuou me batendo”, relatou.
A enfermeira Solange Elias, de 42 anos, estava presa no trânsito, ao lado do Jetta do agressor. “Quando eu vi, ele já estava correndo atrás do garoto dizendo que tinha sido assaltado. Ele (Wesley) tinha lugar para correr, mas mesmo assim não fugiu. Então eu percebi que não se tratava de um roubo”, afirmou a enfermeira.
Ela contou que viu quando o motorista utilizou a garrafa para agredir o adolescente. “Na verdade, ele golpeou com a garrafa e atingiu o pescoço. O sangue começou a esguichar na hora para todo lado. Fui para cima dele (do motorista) e ele me disse que eu não tinha nada a ver com o que estava acontecendo e que era para eu 'vazar' ”, disse.
Tanto Thiago quanto Solange relataram ao G1 que Wesley pedia desculpas o tempo todo. Segundo as testemunhas, as agressões ao adolescente só cessaram depois que várias pessoas conseguiram conter o agressor, que ainda tentou deixar o local, mas lhe tomaram a chave do carro antes disso.
Além dos pontos no lado direito do pescoço e de manchas de sangue na roupa e até no cabelo, o adolescente disse que estava sentindo muitas dores na perna, devido aos chutes. Até as 23h30 desta sexta-feira, a ocorrência não havia sido registrada no 15º DP porque a delegada plantonista havia se dirigido ao Hospital das Clínicas para ouvir o depoimento do médico que atendeu Wesley. O motorista poderá responder inquérito por lesão corporal dolosa.

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