sexta-feira, 6 de maio de 2011

Duplicação da Rio-Santos deve ficar pronta apenas em 2015 Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,39584,Duplicacao-deve-ficar-pronta-apenas-em-2015.html#ixzz1Ld6uxad8


Felipe de Souza
Deslizamentos de terra e pedras prejudicam o tráfego na Rio-Santos, que ainda aguarda pela duplicação

Transtornos: Deslizamentos de terra e pedras prejudicam o tráfego na Rio-Santos, que ainda aguarda pela duplicação
Tatiane Rodrigues
Angra dos Reis
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estipulou um novo prazo para a entrega da duplicação da rodovia Rio-Santos (BR-101): 2015. Mesmo ainda não iniciadas, o departamento afirma que pretende concluir o projeto das obras de duplicação dos 160 quilômetros da rodovia em dois anos, supondo que o serviço seja em iniciado até o início de 2013.
- Sabemos dessa importância da rodovia para a região da Costa Verde, e por isso temos tomado cuidado com o que vem acontecendo, como os constantes deslizamentos de terra. Estamos dando continuidade ao projeto de duplicação da Rio-Santos entre Angra e Paraty, além de revitalizar todo o traçado. Apesar de levar um tempo, estamos sim melhorando toda a estrada. E a nossa previsão é de que até 2013 a duplicação já esteja em andamento - afirmou o engenheiro do Dnit, Wanderson Filho.
O último prazo apresentado pelo departamento era dezembro de 2009, onde o ex-diretor e atual superintende do órgão, Marcelo Cotrim, afirmava que "não tinha dúvidas de que as obras seriam concluídas dentro deste prazo". Na época, Cotrim havia afirmado que 50% das intervenções já tinham sido executadas e 55% do orçamento - de R$ 178 milhões - gastos. Ele atribuiu a demora na execução das obras ao número de alterações no projeto e às chuvas de verão (principalmente em 2008) que não estavam previstas.
Por conta dessa promessa não cumprida, vereadores de Angra se reuniram há dois meses com o superintendente. Questionado sobre os atrasos na obra, Cotrim disse que já enviou o pedido de duplicação para Brasília através de um Termo de Referência e está aguardando a aprovação para que o projeto entre em licitação - o que deve ocorrer até julho ano, segundo ele.
- Estamos correndo atrás para dar início às obras o quanto antes. A empresa vencedora deverá fazer um estudo e elaborar o projeto em um prazo estimado de um ano e, logo após, outra licitação deverá ser realizada para a execução das obras - disse Marcelo.
Menos de 30 quilômetros duplicados
O superintendente estima que a duplicação já se inicie em 2013 no trecho entre Itacuruçá (Km 412) e Paraty (Km 594,5, na divisa entre Rio e São Paulo). O vereador Leandro Silva (PR), presente no encontro com Cotrim, destacou que espera o cumprimento do prazo.
- Este é um assunto sério e que pode envolver vidas. A população espera uma ação concreta, e estas obras precisam ser feitas o quanto antes - afirmou.
Após quatro anos de obras para duplicar 26 quilômetros da pista no trecho entre Santa Cruz (Rio de Janeiro) e Itacuruçá (Mangaratiba), o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, informou no ano passado sobre a duplicação até o limite com São Paulo, mesmo que o trecho inicial ainda não tenha sido completamente concluído.
O projeto executivo de toda a obra será dividido. A primeira parte abrange a duplicação entre Itacuruçá e o entroncamento com a RJ-155, estrada que liga Angra dos Reis a Lídice e Barra Mansa. Nesse trecho, o objetivo do projeto é estimular o crescimento do turismo e atender ao movimento do novo aeroporto que será construído no Sul Fluminense e ao porto de Angra dos Reis.
A duplicação da rodovia faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e conta com a construção de cinco viadutos, três passagens inferiores e nove pontes, além de ruas laterais e passarelas. As obras foram executadas em duas etapas, com início em outubro de 2006.
A estrada conta com um volume médio diário de 35 mil veículos, com aumento nos feriados e fins de semana para cerca de 50 mil veículos.
Duplicação completa custaria R$ 4 bi
Para o diretor geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, seria necessário ainda a duplicação completa dos cerca de 500 quilômetros da rodovia, que demandaria no investimento de R$ 4 bilhões.
- A rodovia é muito movimentada; muitos investimentos importantes estão às suas margens, como o terminal da Petrobrás em São Sebastião (SP). No Rio há os estaleiros de Angra dos Reis, as usinas nucleares e os novos portos. Haverá um conflito enorme entre o trânsito de turismo e o trânsito industrial. Por isso, para reduzir o impacto ambiental na Serra do Mar, a proposta do Dnit é fazer essa duplicação sem a construção de um canteiro central. Entre as duas pistas haveria apenas uma barreira - destacou ele.
O prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), destaca que a duplicação até Paraty - além da revitalização da pista - se mais faz do que necessária devido ao grande potencial de turismo da região.
- O grande fomentador econômico da nossa região é o turismo e o visitante não pode levar de seis a dez horas para chegar a Angra, e muito menos ficar parado em obras na pista. Sem falar nos nossos moradores que muitas vezes demoram horas e horas para chegar às suas casas por conta de problemas na rodovia. Eles não merecem este descaso - ressaltou o prefeito.
Deslizamentos causam transtornos
Deslizamentos de terra e buracos na Rio-Santos têm dificultado cada vez mais a passagem de usuários. Desde o ano passado muitas encostas caíram na rodovia e afetaram partes importantes da pista. O caso mais grave foi na altura de Garatucaia, onde parte de um barranco caiu e causou transtornos a muitas pessoas. O trecho precisou ser interditado muitas vezes. No intuito de solucionar o problema, o Dnit realizou, em nove meses, uma obra de contenção na localidade. Porém, com a continuação das fortes chuvas, o departamento registrou outro ponto crítico com novas quedas de barranco entre Garatucaia e Monsuaba. Sem contar nos demais pontos de deslizamento de terra no trecho de Mangaratiba a Paraty, que chegam a mais de 15.
- A Rio-Santos parece uma bomba-relógio, é só chover um pouco além do normal que a terra já começa a descer e invadir a pista. Quem passa pela Costa Verde vê de perto como a estrada está ruim, cheia de buracos, deslizamentos, pontos desnivelados, entre outros problemas. A rodovia está precisando de ajuda urgentemente - destacou o motorista Júlio Lima.
Após muitas reclamações, o Paraty Convention & Visitors Bureau deu início à coordenação do Grupo de Trabalho - BR-101 Livre, que surgiu diante da necessidade de uma solução final para os constantes fechamentos rodovia por conta dos deslizamentos de terra. Porém, nenhum resultado positivo foi alcançado.
- O objetivo do grupo de trabalho é conseguir que as autoridades atentem para a gravidade da situação da BR-101, que busquem uma solução e que nos convençam que a solução encontrada seja definitiva, ou seja, que todos os pontos críticos da estrada sejam contemplados com obras robustas e não com meros paliativos. E estamos fazendo o máximo para tentar resolver esse problema - disse o diretor executivo do Paraty C&VB, Dax Goulart.
Além dos diversos transtornos que a péssima qualidade da rodovia resulta, os moradores das três cidades da Costa Verde - Angra, Paraty e Mangaratiba - estão preocupados com a dificuldade na evacuação no caso de um acidente nuclear.
- Eu sinceramente não acredito nessas simulações de evacuação de moradores, que são feitas apenas a cada cinco anos. No caso de um vazamento em uma das usinas temos poucas opções de saída para fugir. Uma das rotas de fuga seria a BR-101, que está em péssimas condições de manutenção e cheia de buracos - destacou o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Frade, Evandro Vieira.
A preocupação é tanta que, devido ao atraso nas obras, uma ação pública corre no Ministério Público Federal para impedir a continuação da construção da usina Angra 3 até que a reforma da rodovia esteja pronta.
- A Rio-Santos está em péssimo estado de conservação e necessitando de reformas urgentíssimas, principalmente no trecho entre Angra dos Reis e a divisa com São Paulo. Sem a possibilidade de utilizar a RJ-165 (estrada Paraty-Cunha) a situação fica ainda mais complicada. O jeito é pedir a Deus  que nada aconteça nas usinas até que consigamos melhorar as nossas estradas - destacou o prefeito de Paraty, José Carlos Porto Neto.

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