terça-feira, 9 de outubro de 2012

Arco Metropolitano do Rio pode ser inaugurado sem dois trechos

Maior desafio rodoviário do estado e de fundamental importância para o seu desenvolvimento econômico, o Arco Metropolitano do Rio corre o risco de ser inaugurado deixando de fora dois trechos: a ligação com o Porto de Itaguaí e a duplicação da BR-493 (Magé-Manilha), que vai até o entroncamento com a BR-116, em Itaboraí. Como o GLOBO informou no domingo, os dois trechos, que foram incluídos no PAC 2, em 2008, fazem parte dos compromissos assumidos pela União com o estado para a construção do Arco por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Mas, de lá até hoje, o projeto não andou.
Em 27 de agosto passado, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) indicou irregularidades nas obras de duplicação da BR-101 e determinou que o DNIT refizesse o projeto para a construção do acesso ligando a rodovia ao Porto de Itaguaí. Com isso, até mesmo a licitação para a obra, que deveria ter sido inaugurada em 2010, não tem prazo para acontecer.

Pela parceria fechada em 2008 entre o governo do estado e a União, também caberia ao DNIT realizar a duplicação da BR 493, mas, após três anos sem que nada fosse feito, o consórcio Guilhermina abandonou a obra, depois de o ex-diretor do órgão federal, Luiz Antônio Pagot, afirmar à revista “Época” que foi exonerado do cargo por pressão da Delta Construtora, líder do consórcio responsável pelo projeto.

Demora nos repasses


O DNIT alegou que os atrasos foram provocados pela demora em liberações por parte dos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.
Como O GLOBO mostrou no domingo, as obras do Arco Metropolitano foram iniciadas em 2008 e estavam previstas para serem concluídas, a princípio, em 2010. Mas o projeto, que deverá ter um custo final de R$ 1,1 bilhão, será inaugurado, na melhor das hipóteses, somente em dezembro de 2013. O atraso ocorre por conta de uma série de problemas, como a descoberta de 63 sítios arqueológicos em trechos do projeto, duas mil desapropriações, mais de 200 ações na Justiça e a construção de um viaduto para não acabar com o habitat natural de uma espécie de perereca.
Um dos entraves rodoviários do estado, estrada federal tem muitos registros de atropelamentos
O trecho ainda não duplicado da BR-493 (Magé-Manilha), dentro do projeto do Arco Metropolitano, recebe diariamente a maior parte da carga que chega ao estado e, por isso, tornou-se um dos maiores entraves rodoviários do Rio de Janeiro. Situação grave para os transportes e dramática para seus moradores.

Em Itaboraí, a estrada é conhecida como “rodovia da morte”. De janeiro a agosto, a 71ª DP (Itaboraí) registrou 27 ocorrências de mortes e outras 364 de lesões corporais de trânsito, cerca de um terço do total da 35ª Área Integrada de Segurança Pública que abriga outras quatro delegacias.

— Aqui (BR-493) já morreu muita gente. Não temos passarela, e a única sinalização possível para o morador atravessar é o polegar estendido — conta Gerlane Guedes, que perdeu o pai e o cunhado em acidentes de trânsito na estrada — Meu cunhado morreu há pouco tempo. Nós não saímos mais de casa à noite, porque não há como atravessar. É muito perigoso — acrescenta.
Erenildo Coelho da Silva, por sua vez, está descrente. Para ele, a duplicação da rodovia virou uma lenda.
— A senhora viu a placa (do consórcio Guilhermina, ainda no lugar apesar do cancelamento da obra). Há 50 anos eu moro aqui. E, desde criança, a gente ouve falar que vai duplicar. Isso é lenda — diz Silva, acrescentando: — O problema aqui é que a estrada não foi duplicada. Já o trânsito foi quadruplicado.

A estrada é pouca, não tem calçada, e o jeito é andar pelo meio do nada, conta Romualdo Salustiano Arruda, morador de Parque Azul, na mesma região. Segundo ele, apesar do excesso de veículos, na região os moradores se locomovem a pé ou de bicicleta:
— Aqui só tem trânsito, mas não temos meios de transporte adequado.

Fonte: Estradas.com.br
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