terça-feira, 9 de outubro de 2012

ESTADO COMEÇA A CONSTRUIR ESTRADA-PARQUE PARATY-CUNHA

Obras devem começar este mês com prazo de execução de 18 meses


O Governo do Estado deve começar a tirar do papel, ainda este mês, um sonho de décadas para quem mora ou visita Paraty, no litoral Sul fluminense: um caminho mais curto para aqueles que querem chegar ao Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. Situado dentro do Parque Nacional da Bocaina, o trecho fluminense da estrada Paraty-Cunha, numa extensão de 9,4 quilômetros, será pavimentado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão vinculado à Secretaria estadual de Obras, num período previsto de 18 meses.

Depois de cinco anos de espera, a licença de instalação foi concedida na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Agora, o DER dará início à pavimentação da RJ-165 até o limite com o Estado de São Paulo, onde se conecta com a SP-171.

A exemplo da Capelinha-Mauá, na Região do Médio Paraíba, já implantada, a Paraty-Cunha segue o conceito de estrada-parque, com o uso de asfalto menos poluente, a preservação do curso de rios e córregos e a criação de travessias aéreas e subterrâneas para animais, alguns ameaçados de extinção, como o rato-toupeira (Blarinomys breviceps), de apenas 22 centímetros de comprimento e 22 gramas. Também foram catalogadas na região, por um grupo do Laboratório de Zoologia de Vertebrados da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), 31 espécies de mamíferos.

Mas, além de fator de desenvolvimento do turismo da região, facilitando o fluxo de visitantes provenientes de São Paulo e do Sul de Minas Gerais, a estrada vai servir para preservar a própria fauna e flora da Serra da Bocaina, segundo o subsecretário de Urbanismo e Projetos Especiais, Vicente Loureiro. Segundo ele, pavimentar uma estrada como esta significa levar mais segurança e garantir o direito de ir e vir da população, mas, proporcionando, ao mesmo tempo, benefícios ambientais, em função das obras de contenção de encostas e de implantação de sinalização que serão executadas.

- A distância entre Paraty e Cunha será encurtada em 270 quilômetros, ou seja, mais de duas horas. Isso é um ganho fantástico, principalmente para pessoas que moram em Paraty e necessitam, por exemplo, fazer tratamento médico especializado, como hemodiálise, em Taubaté. Ou a colônia de pescadores de Paraty que poderá levar com muito mais rapidez o produto do seu trabalho para vender em São Paulo - ressaltou Loureiro.

Outro ponto importante da estrada é a de servir de rota de fuga em caso de acidente nuclear em Angra dos Reis. Por isso, parte dos recursos para financiar as obras e os projetos ambientais, orçados em R$ 80 milhões, será proveniente da Eletronuclear. O restante virá do empréstimo conseguido pelo governo do estado junto à Comissão Andina de Fomento (CAF).

O trajeto entre Paraty e Cunha tem 47 quilômetros e já fez parte da então Estrada Real, por onde, nos tempos do Brasil Colônia, eram transportados o ouro e os diamantes vindos de Minas Gerais em direção ao porto de Paraty, com destino a Portugal, além de mercadorias e escravos. Na época a Estrada Real era conhecida como Caminho Velho. Mais tarde, a via passou a ser considerada vulnerável a assaltos e, então, foi criado o Caminho Novo, que saía do centro do Rio de Janeiro para Vila Rica (hoje Ouro Preto).
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