segunda-feira, 9 de maio de 2011

Apenas 1% considerado ótimo

Pesquisa da CNT (2010) aponta que 85% dos trechos das BRs cearenses estão entre regulares, ruins e péssimos

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De acordo com a CNT, apenas 13,7% das BRs no CE estão boas  (MAURI MELO)  
De acordo com a CNT, apenas 13,7% das BRs no CE estão boas (MAURI MELO)
As condições das BRs estão longe de orgulhar os cearenses. De acordo com a última pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT), de 2010, apenas 1% dos trechos das rodovias federais do Ceará estão ótimos e 13,7% estão bons. A maioria dos trechos encontram-se em estado regular (49,3%), ruim (22,3%) e péssimo (13,4%).

O caminhoneiro José Maria de Araújo, 53, percorre estradas de todos os estados e garante que é unanimidade entre os colegas de profissão: “As BRs do Ceará são as piores do Brasil”. Ele reclama que, de Fortaleza até o município de Russas, a BR-116 tem buracos demais, assim como no trecho de Jaguaribe até Cajazeiras. “O asfalto que fazem aqui parece que na primeira chuva se desmancha”, condena.

Se a condição das BRs é péssima, para o senador Eunício Oliveira (PMDB), não é por falta de recursos, mas sim por má aplicação do dinheiro. Quando o material utilizado para manutenção e reparo das rodovias não tem qualidade ou a obra é a mal executada, recai sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a responsabilidade pela falha na fiscalização.

Além disso, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB), critica a demora dos órgãos de auditoria e fiscalização em fazer o diagnóstico. Outros fatores que podem levar ao caos nas rodovias, conforme Chico Lopes, é o repasse atrasado de recursos e a própria corrupção. “O Brasil quase todo está com estradas federais com a melhor qualidade, só o Ceará está com esse problema insolúvel”, lamenta.

Os sucessivos erros na gestão, incluindo atrasos e falta de fiscalização das obras, estariam interferindo diretamente no repasse dos recursos e na péssima qualidade do material utilizado, como aponta Eunício Oliveira. Vice-líder do governo na Câmara e deputado federal, José Guimarães (PT), critica a gestão do Dnit-CE, mas também atribui a crise das rodovias federais às chuvas. Segundo ele, é normal haver necessidade de reparo anualmente.

Já a deputada federal Gorete Pereira (PR), cuja sigla tem conseguido indicar os últimos dirigentes do Dnit-CE, critica ainda que muitas das decisões do órgãos são centralizadas em Brasília, o que estaria emperrando o trabalho.

Outro problema apontado por ela é a falta de contrato de conservação das estradas. Por lei, as construtoras devem ser responsáveis pelas ações que realizam por cinco anos, o que garantiria mais qualidade. O deputado federal José Aírton Cirilo (PT) também lembrou a lei e reforçou que tem projeto para aumentar o prazo de garantia das obras realizadas para seis anos.

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